Monday 29 December 2008

La Fenêtre

Esqueçam o rapaz. E o quarto dele. Música, só.

Friday 18 April 2008

Espontaneidades...


É curioso pensar no futuro. Haverá gente que acredite que as nossas acções do presente se devem reger, única e exclusivamente, pelo nosso bem-estar futuro. Isso implica, naturalmente, abdicar de muitos prazeres que podiam ser desfrutados hoje, em vista a qualquer benefício, mais adiante no tempo. Mas implica também direccionarmos a nossa vida numa rota, escapando e evitando a qualquer circunstância que possa oscilar o rumo que escolhemos. Isso retira, de uma maneira implacável, o carácter espontâneo da vida, e, consequentemente, o seu esplendor e interesse. Não é na imprevisibilidade que residem as coisas mais fantásticas da vida? Não é ela que no-las dá, gratuitamente, quando as menos esperamos? E essa mudança de vida, esse brusco turbilhão, que mais tarde ficará registado nas nossas memórias, não é disso que é feito o nosso património intelectual, a nossa sapiência, a nossa história? Os homens pouco produzem; é o acaso que comanda a felicidade. O acaso produz experiência, o plano produz frustração.
Daí que possamos salientar dois aspectos: primeiro, o carácter aleatório da vida, que não é, na minha opinião, comandado por nenhuma força espiritual, mas sim toma o seu lugar no Universo como tudo o resto que nele existe. E segundo, e mais importante, é que a felicidade vem per se, e não é planeada. Se ela é oriunda do acaso, é impossível de planear.
 É tomando esta ideia como base que reforço a minha ideia central: porquê pensar no futuro? Talvez passemos toda a vida a planear, a sacrificar e a acumular para nada. Talvez seguimos uma matriz rígida para nos arrependermos dela no fim. E a que custo? O futuro vai inviabilizar as conquistas que fizemos por ele. O futuro não se come. O futuro não vai ser assim tão fácil, nem tão difícil. Pode até nem haver futuro! Não vale a pena. Ele vem sozinho, não me chamem fatalista nem imediato. Por isso, mais vale deixarmos a vida fluir, evitarmos os compromissos que dirijam a vida, e a expô-la às oscilações do acaso, deixando-a  virar-se para onde entender, e comentar e observar, impavidamente. Mais tarde, escrevemo-las, e rimo-nos delas, as voltas que a vida deu. Comentamos a sorte ou o azar que tivemos. Quem não se deixar envolver no acaso, pouco terá a contar, quando for a hora do balanço.


Thursday 14 February 2008


MORTY: Are you ready for dessert?
JERRY: Well, actually, we do have to kind of get going.
MANYA: (Surprised) You're going?
ELAINE: I don't really eat dessert. I'm dieting.
JERRY: Yeah, I can't eat dessert either. The sugar makes my ankles swell up, and I can't dance.
MANYA: Can't dance?
HELEN: He's kidding, Manya.
MANYA: Is that a joke?
HELEN: (Canging subject) So, did you hear Claire's getting married?
MANYA: Yeah, yeah..
HELEN: I hear the fella owns a couple of racehorses. You know, trotters, like at Yonkers.
JERRY: Horses. They're like big riding dogs.
ELAINE: What about ponies? What kind of abnormal animal is that? And those kids who had their own ponies..
JERRY: I know, I hated those kids. In fact, I hate anyone that ever had a pony when they were growing up.
MANYA: ..I had a pony.
(The room is dead quiet)
JERRY: ..Well, I didn't really mean a pony, per se.
MANYA: (Angry) When I was a little girl in Poland, we all had ponies. My sister had pony, my cousin had pony, ..So, what's wrong with that?
JERRY: Nothing. Nothing at all. I was just merely expressting..
HELEN: Should we have coffee? Who's having coffee?
MANYA: He was a beautiful pony! And I loved him.
JERRY: Well, I'm sure you did. Who wouldn't love a pony? Who wouldn't love a person that had a pony?
MANYA: You! You said so!
JERRY: No, see, we didn't have ponies. I'm sure at the time in Poland, they were very common. They were probably like compact cars..
MANYA: That's it! I've had enough! (She leaves the room)
ISAAC: Have your coffee, everyone. She's a little upset. It's been an emotional day.
(Isaac leaves, everyone looks at Jerry)
JERRY: I didn't know she had a pony. How was I to know she had a pony? Who figures an immigrant's going to have a pony? Do you know what the odds are on that? I mean, in all the pictures I saw of immigrants on boats coming into New York harbor, I never saw one of them sitting on a pony. Why would anybody come here if they had a pony? Who leaves a country packed with ponies to come to a non-pony country? It doesn't make sense.. am I wrong?
(Scene ends)

Sunday 27 January 2008
















' Chamava-se Catarina, o Alentejo a viu nascer. '

Sunday 20 January 2008





O jazz apareceu por volta dos finais do século dezanove. Pronto, principio do século vinte. O que não há duvida é que apareceu no sul dos Estados Unidos da América. A cidade do jazz é New Orleans, e nunca poderia deixar de ser, pois foi lá que se deu um fenómeno, o qual passo a explicar: os irlandeses e holandeses, que emigraram em massa para o Novo Mundo, viveram numa grande proximidade com os africanos, e, ao juntarem as suas tradições musicais, deu em algo chamado Jazz. Os ingleses eram muito rígidos para deixarem isto acontecer em Nova Iorque, mas a característica mente aberta da Holanda e, apesar da Irlanda, caracteristicamente, ser uma sociedade muito fechada, os irlandeses jovens que vão para a América celebram uma nova mentalidade que deu aso a que aparecesse este estilo musical. Assume-se então que o jazz é a mistura da cultura europeia e africana no continente americano. (Eles são tão ruins que nem o estilo musical que dizem ser 'deles' o é, de facto). A improvisação, as blue notes, entre mais características deste estilo são encontradas na musica africana, enquanto o folk irlandês entra como uma das mais importantes características que foram marcantes para o jazz assumir a sua identidade própria.


Ora, o jazz Dixieland, de New Orleans de princípios de século XX, expandiu-se para várias cidades, como Chicago e Nova Iorque. (1910). O jazz em Nova Iorque deu então origem ao Big Band, um estilo de jazz que não é improvisado, mas sim tocado por pauta, por muita gente, e ensaiado até à exaustão, um reflexo da criteriosidade inglesa. Este estilo é associado às Ensembles, dezenas de músicos de todos os instrumentos que tocam em grandes recintos, geralmente comandados por um músico que se destaca, e que assume uma posição destacada. Ao invés, o jazz de Orleans é um jazz 'mulato', tocado nas soleiras das modestas vivendas da cidade.


O Dixieland e o Big Band são os dois lados opostos de um estilo musical que congrega imensas culturas e povos em torno de um só objectivo; fazer boa música.

Wednesday 16 January 2008

Ela ouviu um barulho. Primeiro, decidiu se havia de sair da cama, ou não. Estava frio fora do cobertor e do lençol e da colcha e do outro cobertor. Lá fora cheirava a homens, cheirava a corpos putrefactos que repousavam espalhados pelo quarto.
Depois de tanto pensar, decidiu ficar quieta no seu leito. Mas preferiu fechar os olhos, pois, caso o espectro a fosse incomodar, ela não o via. Sentir-lo-ia, e se tal acontecesse, enrolar-se-ia como um bicho-da-seda, daqueles que caçamos quando somos crianças. E esperaria que, tal como as crianças os esmagam, deixando um fio de seiva a correr no chão e debaixo da sola do sapato, o espectro a esquartejasse, deixando um fio de sangue a correr para dentro das fibras do lençol, para o chão, a pingar da borda da cama.
O seu corpo negro e dilacerado acusava algumas visitas nocturnas do espectro, que vinham como uma benção. Enquanto o espectro lá estava, ela era toda dele. Ela entregava-se a ele, de corpo e alma. O espectro era o cavaleiro e ela o cavalo, ele era o hábil artesão e ela a marioneta de trapos. E ele deixava-a numa lástima, sob a ameaça de voltar "um dia destes". E ela contava os dias, ansiosa que ele chegasse.
Cada vez que o espectro a visitava, trazia-lhe um corpo. Mas hoje, era diferente. Já não havia mais espaço, o cheio a podre era demasiado, ela não conseguia pôr o pé fora da cama sem pisar uma barriga ou uma perna. Verdade seja dita que, se o fizesse, a esponjosidade da carne decomposta faria-lhe lembrar os insufláveis em que brincava quando era criança, e ela sentir-se-ia feliz. Mas... hoje ela não queria a vinda do espectro. Estava farta das suas brincadeiras sádicas. Ela e o espectro já tinham exprimentado de tudo o que a mente humana proporciona inventar, e ela tinha fome. No tabuleiro ainda havia ovos, dos quais vagamente se lembrava do sabor. De facto, o cheiro é muito importante na degustação de um alimento; a canela, por exemplo, não tem sabor. Tem apenas cheiro, e é o cheiro da canela que rápidamente associamos ao seu sabor. No fundo, estamos a comer pó. E os ovos eram iguais. Ela comia-os, e sabiam a morte. Mas no fundo ela só estava a comer ovos. E se ela detestava aquele sabor de ovo acabado de sair da frigideira, para o pequeno almoço! Assim, eram muito melhores.
Quando o espectro veio, ela foi de novo brutalmente violada. Desta vez, contra a sua vontade. Quando acabaram, o espectro tirou do bolso a chave do quarto, e fêz-la engolir a chave. Depois, partiu. Ela tentou vomitar, mas já nenhum cheiro nem sabor lhe revirariam as entranhas. Então, tentou defecar. Também não conseguiu, afinal, tinha comido há pouco tempo. Agarrou numa faca, das que o espectro costumava por lá deixar, e abriu-se. Pelos seus cálculos, a chave ainda havia de estar no estômago. Remexeu-o com a sua pequena mão, e encontrou algo rijo. Puxou-o, era uma chave, já meia corroída pelo suco gástrico.
Levantou-se num pulo, navegou pelo meio dos cadáveres, e introduziu-a na fechadura. Destrancou a velha porta novecentista, que, de resto, seria um sonho ter nas nossas casas. Num clique, o trinco entrou para dentro da concâvidade a que se destina, dentro da porta, de onde há muito tinha saido e não tinha voltado. Rodou a maçaneta.
Do outro lado viu o Mundo. E hesitou. Achou-o horrivel.

Thursday 10 January 2008




Electrelane. Para a maioria dispensa apresentações. Uma banda inglesa, que conhece o principio no ano de 1998. Uma banda singular, composta por quatro mulheres, Verity Susman, Emma Gaze, Mia Clarke e Ros Murray. A sua música era de bradar aos céus. A guitarra, ora calma, ora distorcida, a musica quadrada, simples, ora leve, ora densa, picos de energia, e vales (The Valleys, diria até) sonoros, o acompanhamento de uma bateria simples e absolutamente fascinante, e, sobretudo, o uso de um(a, corrijam-me os 'sabedores' do género do instrumento) Farfisa, um pequeno orgão, que marca, indubitávelmente, a sonoridade das meninas demarcadamente geniais de Brighton. Esta banda é uma referência musical a todos os niveis.


Agora vou-vos confessar uma grande tristeza. Estas meninas vieram ao Paredes de Coura a pensar 'Epa, vai lá o Luis , vamos dar lá dar um saltinho e tocar-lhe a Bells, que ele gosta muito'. Eu, claro, fiquei ' imenssissimamente ' satisfeito quando a Susman me disse isso, de facto, gosto muito da música. Mas, devido a incidentes de todo o genero e feitio que nesse dia tomaram lugar, o Luís chegou ao recinto, e os Electrelane estavam a sair do palco. Ainda tive tempo para ver o cabelo loiro delas a esvoaçar para dentro do backstage. Com isto, desmoronou-se o sonho de alguma vez ver os Electrelane ao vivo.


Em Novembro passado, entraram em hiatus indefenido. Será que vamos ter Electrelane de volta? Se sim, vai voltar a tao amada Farfisa, e a Bells ao vivo (!). Se não... se não, o Mundo acaba de perder uma das melhores bandas da actualidade.